sábado, 27 de fevereiro de 2010

Puxa "cabra"! Empurra "pica"!


Gol prevê dobrar margem operacional para 13%
A Gol Linhas Aéreas pretende alcançar uma margem operacional de 13% este ano, praticamente o dobro do resultado do terceiro trimestre de 2009, de 6,6%. A companhia também pretende crescer até 18% em volume de passageiros transportados em 2010, a mesma taxa que prevê para a expansão da demanda por voos domésticos no mercado.

"O Brasil está num momento muito bom, com o crescimento da nova classe média. Cada vez mais pessoas estão preparadas para viajar de avião", afirma o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia, Leonardo Pereira.

O executivo diz que a projeção de demanda tem como base um crescimento de até 6% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, já que a aviação comercial cresce, em média, três vezes o resultado do PIB. Já a estimativa de dobrar a sua margem operacional está fundamentada na política da companhia de reduzir custos, aumentar a oferta com aviões maiores e ampliar a utilização diária das aeronaves.

TAM prevê crescimento de 10% a 12% para o setor em 2010

25/11 - 20:02 - Nelson Rocco, iG São Paulo
As companhias aéreas brasileiras devem ter um 2010 mais tranquilo quando comparado a este ano. Isso porque a demanda deverá crescer mais que a oferta de assentos. As previsões são de Líbano Barroso, presidente-interino e diretor financeiro da TAM. Segundo ele, as empresas devem vender entre 10% e 12% mais no ano que vem. “Nosso cenário prevê um aumento no Produto Interno Bruto (PIB) de 5% a 6%, o dólar entre R$ 1,70 e R$ 1,85, e o preço do barril de petróleo entre US$ 70 e US$ 90. Assim, acreditamos que a indústria tem condições de manter a capacidade histórica de crescimento, da ordem de 2,5 vezes a 3 vezes o PIB, algo entre 10% e 12%”, explica.
  “Puxa cabra! Empurra pica!”
É simples assim. A aviação brasileira desconsidera as restrições do meio, puxa o manche e impõe um pitch à máquina muito superior àquele que o ser humano está preparado para assimilar. Esse desequilíbrio que despreza a essência do trinômio SIPAER vem a galope, arregimentando e expondo indivíduos com pouca experiência, tripulantes, mecânicos e profissionais de controle do espaço aéreo, como se fossem apenas periféricos desses revolucionários e complexos sistemas, uns com asas e outros com olhos eletrônicos. A fatoração do tripulante técnico racionaliza seu trabalho a ponto de permitir, por enquanto, que a pilotagem se resuma a poucos minutos de operação. O que existe numa etapa de voo compreendido entre o “gear up” e o “three green” não passa de uma operação do sistema, realizada com perfeição até por jovens leigos em jogos de Flight Simulator.

Até as “anfitriãs do ar” já não se preocupam com o ritual mímico que deixava cair a máscara de oxigênio apontando elegantemente para as saídas de emergência da aeronave. O velho “Thank you for flying with us” deu lugar ao automatismo dos sistemas de bordo, de monitores escamoteáveis futuristas, programados com desenhos animados, um luxo.

Acredito que esse crescimento anunciado com jactância tenha como único propósito a disputa do meio comercial que hoje se resume a um duopólio. Qualquer profissional experiente que se dignou a examinar esse processo avarento, com projeções de crescimento surreais, já deve estar com seus olhos arregalados, procurando uma saída e pronto para correr.

Na condição de controlador de tráfego aéreo aposentado, ainda me restará falar, falar, falar, mas em breve, a voz amiga do controlador ativo se calará de vez. As instruções, alertas e intervenções, chegarão às aeronaves por dados, frios, silenciosos e calculistas, numa comunicação inaudível e invisível, travada entre um piloto automático e um controlador cibernético.

E referenciando a assertiva de que “tudo o que sobe, desce!”, é bom explicar aos leigos administradores e marqueteiros das aéreas que, “quando se puxa cabra, mas quando se empurra, pica!”
 
Celso BigDog
 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NG – O produto de uma geração distraída.


NG – O produto de uma geração distraída
A amplidão do assunto me obriga a trazê-lo para a esfera ATC, donde a experiência me credencia a abordar alguns pontos de vista, emitir alguma análise técnica e até mesmo arriscar algum palpite para os destinos dessa insólita atividade.
No controle de tráfego aéreo já fui considerado "New Generation". Em trinta anos de labuta, saltei do restrito “grão de arroz” de uma tela de RADAR irradiado, para alvos identificados por barras de controle, dali para as etiquetas aplicadas aos alvos-radar. Num piscar de olhos abandonei as salas escuras e cheguei aos conhecidos sistemas de visualização que compilam dados de um ou mais RADARES e os transformam em sinais gráficos de computador. Assisti resignadamente ao definhamento e a morte da válvula magnetron, a varrer fielmente os céus brasileiros, num silencioso pulsar, seu valioso e preciso cálculo de distância.
Ah eu já fui NG, mas sequer notei que à minha volta coisas aconteciam; que idéias brotavam; que a tecnologia aflorava no controlador recém chegado, pois um caprichoso atalho do tempo se encarregava de poupá-los dos “tortuosos caminhos” que eu trilhei. Basta lembrar que Francisco Drezza, o nosso eterno Nº1, foi um dia um NG, nem tanto por ser o primeiro controlador, mas por ser o primeiro controlador-RADAR.
Lutar contra a tecnologia é malhar em ferro frio e uma atitude pouco sensata, mas alertar dos perigos que só nós, os antigos, conhecemos, das experiências vividas naqueles “tortuosos caminhos” que o tempo fez questão de pular, é nosso dever.

Cuidemos para que as armadilhas da tecnologia não produzam vítimas. Cuidemos para que nossos sucessores não sofram os revezes da ignorância operacional. Cuidemos para que, ainda que hoje não estejamos mais a controlar o tráfego aéreo, aviões não caiam sobre nossas cabeças.
Falemos, ainda que não nos ouçam; ainda que não nos respeitem, ou até mesmo, ainda que o “Sistema” não nos dê o devido valor.

Deus nos Abençoe!

Celso BigDog