quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A aviação civil brasileira deriva, mas o governo não tergiversa.

Em aviação costuma-se dizer que só há duas formas de se fazer as coisas: a certa e a errada.
Por mais que se queira inovar é sempre bom medir a distância para só depois arriscar um salto. Tem sido assim desde sempre. A euforia em torno do automatismo, por exemplo, já fez muitas vítimas e coloca a tecnologia a dar marcha à ré sempre que um fato novo, sinistro, acontece. Foi assim com a transição tresloucada para a ANAC que, ávida por mostrar serviço dentro de um labor que mal conhecia, acabou por desregular velhos princípios de segurança. Foi assim com a desestatização da Infraero que se achou madura o suficiente para “se perceber como empresa” e excluir os aviões do rol de seus clientes. Foi assim com empresas aéreas que trocaram o mimo dedicado à expectativa do passageiro pela importância do lucro. Foi assim com a tecnologia embarcada, que metendo os pés pelas mãos transformou “rotina de apoio à decisão” em procedimento irrefutável ao comandante. Por essas e outras que as transformações na aviação não podem ser assim de supetão. Se o recuo do novo governo foi no sentido de tomar mais distância para impulsionar um grande salto e transpor um imenso obstáculo, parabéns! Isso demonstra que a equipe acaba de tomar consciência do tamanho do pepino.
A aviação moderna já não é tão simplista a ponto de buscar numa reta a menor distância entre dois pontos. Hoje o que se procura de verdade é o “melhor caminho” entre uma decolagem e um pouso.
Ainda que a opinião pública seja manipulada por interesses de través, a deriva do transporte aéreo brasileiro deve ser corrigida sempre, para que ao longo da trajetória não se afaste cada vez mais de seu objetivo básico, que é servir com segurança e eficiência.
Se durante a campanha eleitoral a candidata tergiversou sobre o aborto, hoje, como presidente eleita não tem mais dúvidas. Sentindo que a ideia da SAC se aproximava da V1 de forma desconfigurada e sem sustentação, valendo-se de suas prerrogativas de comando, “abortou a decolagem”.
Celso BigDog.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Trocando Aeroportos por Aeropastos e colocando o caos na frente dos bois.

Ano de 2017...
Cansado das desculpas esfarrapadas de seus ministros o presidente exige que seja marcado o dia, mês e  hora para o fim do “Frigo-Caos”: - "As filas nos açougues, os churrascos tocados à carne de segunda e o desrespeito com o paladar dos consumidores tem limites" - afirmou indignado.
Depois que o grande fiasco promovido pela aviação civil brasileira embaçou o brilho os eventos esportivos, o Brasil começa o ano de 2017 sem saber o que fazer com seus novos aeroportos. Inaugurados tardiamente, logo após o final da Olimpíada, agonizam diante do desinteresse demonstrado pela indústria do turismo. Para se ter ideia de como a coisa anda, até os gringos e as ONGs pararam de ajudar financeiramente as comunidades cariocas que, agora pacificadas, perderam a graça. Já se fala até em resgatar o "Caos da Segurança Pública".
No Planalto já há rumores de que o governo deverá estatizar alguns portos, aeroportos e rodoviárias colocando-os sob a tutela da Marinha, Aeronáutica e Exército respectivamente. O excedente será colocado sob as ordens do Ministério da Agricultura, que visando resolver o problema sazonal da falta de carne no mercado já pensa em reutilizar as áreas aeroportuárias ociosas, plantando capim e construindo instalações provisórias para confinamento de gado. Um relatório da ANCA – Agência Nacional de Criação e Abate dá sinais de que é favorável ao projeto. O novo CBA – Código Brasileiro Agropecuário, também em votação no Congresso, já contempla a figura de boiadeiros, açougueiros e profissionais de inseminação artificial, com uma ressalva bombástica: “Todos deverão ser CIVIS”. Regulamenta a função de boiadeiro-aprendiz, habilitando-o mediante comprovação de 30 horas em touro mecânico. Reza também a minuta do MRC - Marco Regulatório da Coisa a recriação de uma instituição específica para cuidar da infraestrutura, a INFRAPASTO, que já agita o meio político aliado para indicação do cargo de um CEO – Companheiro Extra-Oficial.
Uma fonte fidedigna confidenciou que toda essa mobilização tem um motivo: A candidatura do Brasil para sediar em Campinas o Campeonato Mundial de Rodeio em Touros de 2020. Na verdade o empenho das autoridades no sentido de atender às exigências dos organizadores esconde o receio de que, caso perdure essa situação caótica na pecuária, não sobrem bois nem mesmo para serem montados no evento.
Aeroporto de Virapasto/2020
Trocando um trem de pouso por um trem que pula!
Celso BigDog

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Abertura de Capital da Infraero é para ja! ou ju?

Janeiro ou Junho de 2012?
Depende de quem vem por ai para assumir a tal Secretaria. Depende de quem esse tal secretário nomeará para conduzir a instituição. Depende de quanta verdade existiu nas promessas eleitorais de se atribuir funções técnicas a técnicos. Depende de quanta autonomia terá esse superexecutivo frente à pressão política. Depende do que a nova governança desse país fará com a folha em branco que recebeu assinada pelo povo brasileiro para promover as mudanças que tanto alardeou. Depende de como as garantias serão apresentadas aos investidores desse fundo, que parece um sumidouro de tão fundo.
Por enquanto a empresa está sendo examinada por investidores como um matuto examina uma galinha de capoeira. Pega a bichinha pelos pés, de cabeça para baixo, abre suas asas e assopra para ver se tem a carne amarelinha e por fim aperta seu pescoço para ver se tem “gogo”. Dependendo do que sair quando ela abrir o bico, conseguiremos ou não a confiança que necessitamos.
A Infraero ainda não colocou faixas com os dizeres “Sob Nova Direção”. Por enquanto, por incrível que pareça, com tantos especialistas dando entrevistas esfuziantes nos saguões dos aeroportos, só o que vemos por todos os lados são plaquinhas com anúncios de: “Há vagas”.
Celso BigDog

Atlantis na mira do Planalto.

Depois da declaração do Presidente da República em que confessa ter vergonha de utilizar uma aeronave que necessita de escalas em suas viagens de longa distância, estrategistas já articulam a aquisição do ônibus espacial Atlantis. O martelo ainda não foi batido porque está sendo aguardado um parecer técnico de autoridades aeronáuticas sobre a operacionalidade da Atlantis. Há rumores de que a Endeavour seria a preferida dos militares, que já pensam no benefício da transferência de tecnologia para o PEB. Difícil está sendo conseguir a contratação de um astronauta estrangeiro, pois o único brasileiro definitivamente não quer mais nada com assuntos aeroespaciais, e hoje se dedica exclusivamente à sua fazenda de produção de feijão.
Além de estar sendo estudada a transferência da base de lançamentos do Maranhão para o DF, segundo afirmou o TiririkLeaks, (aquele mesmo que deixou vazar a prova do candidato que errou nove palavras de um ditado de dez) houve também manifestação favorável ao aluguel da Estação Orbital para reuniões estratégicas do “partido”.

Acho melhor dizer que tudo isso é brincadeira não é mesmo? Do jeito que a praça está infestada de pseudo-especialistas, vai que acreditam e acabam mandando o governo para o espaço numa viagem sem volta.
Celso BigDog
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1§ion=Pol%EDtica&newsID=a3127164.xml

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Um blog com espírito ATC.

"Celso BIG BLOG - Opinião ATC" completou seu segundo ano de existência e, sem qualquer artifício publicitário ou comercial, encerra o ano de 2010 com 22.000 acessos. Aos amigos que incentivaram essa proposta de trazer à discussão assuntos do universo aeronáutico, cultura aeronáutica, esclarecimento à opinião pública, diversão aos controladores, aeronautas e simpatizantes da aviação, os meus mais sinceros agradecimentos e os votos de um ano novo repleto de realizações. Que em 2011 não nos falte fraternidade na comunhão desse momento único da história do Sistema de Transporte Aéreo Brasileiro.
Boa sorte a todos!
Mário Celso Rodrigues
ATCO (ret) BigDog

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que falta para o ATCO é postura!

Depois de um dia no Controle de Tráfego Aéreo você reclama de:
Dor nas costas? Dor na nuca? Dor lombar?
Seus problemas se acabaram!
Chegou o revolucionário Cervy Call.
O corretor postural de baixo custo.

Deslocamento em 3 eixos;
Rotação de 360º;
Visão frontal de 180º;
Não impede o uso dos óculos ou binóculo;
Não impede beijinhos nas coleguinhas de trabalho;
Não impede uma boquinha ou um cafezinho.

Não mande dinheiro agora.
Na compra de um Cervy Call você ganha inteiramente grátis um
Seat Velkro.
Recomendado para controladores que não param quietos nas posições operacionais.
Fazer "perninha" é coisa do passado!
Grude seu auxiliar na cadeira e fique tranquilo!
Use Seat Velkro!

E atenção, os primeiros 100 e-mails receberão também inteiramente grátis um
Boss-Detector.
Não seja pego de surpresa!
Boss-Detector avisa você assim que o seu chefe puser os pés na escada da Torre.

Sorria! Pois ninguém é de ferro!

Celso BigDog

A aviação brasileira como nunca civil!

Ao tentar concatenar os acontecimentos às minhas ideias, durante a composição deste texto, por várias vezes me vi obrigado a refazer alguns parágrafos. Primeiro porque me faltou compreensão do que se propõe a nova Aviação Civil Brasileira. Como sempre, procurei por uma imagem análoga e adotei um pintinho de galinha como símbolo da categoria. Galinha voa? Pois ao que me parece a Aviação Civil Brasileira não tem também a pretensão de alçar longos voos, ou pelo menos de voar como as grandes águias. Não vi uma manifestação sequer do setor empresarial em prol da modernização do conceito ATC/ATM brasileiro como se aviões voassem sozinhos. Ao fixar o olhar no próprio umbigo, o transporte aéreo como um todo, não precisará chegar até a Copa do Mundo de 2014 para comprovar sua ineficiência, ineficácia e antipatia perante a opinião pública. Preferir o "status quo" do ATC como forma de mascarar as justificativas para os "apagões" causados por overbooking, estouro de escala de crew, aeronave com manutenção preventiva atrasada, etc, não me parece uma estratégia sensata, muito menos segura. Em breve teremos notícias.
A aviação civil de um país continental como o Brasil não voará bem se não tiver um serviço de controle e gerenciamento aéreo de qualidade, com profissionais competentes, selecionados, preparados e engajados num processo de constante aprimoramento. A continuar por essa rota a malha aérea brasileira continuará sofrendo em mãos inábeis, amargando receitas negativas que irão reeditar histórias como a Panair, Real, Cruzeiro, Vasp, Transbrasil, Varig e outras que já se ajeitam medrosamente nos poleiros para transpor a cerca do galinheiro.
Não esperem que um simples agente que mal sabe separar um avião do outro, rezando para que o acaso não congestione seu setor, possa dar eficiência, economia, rapidez, e principalmente segurança ao voo. Dele, salvo raras exceções, só se pode esperar o servilismo castrense, pois o seu grau de servidão é que pontuará a ficha de avaliação que o fará “progredir” na carreira. Não falo em desmilitarização, mas falo sim de uma profissão cuja preocupação basal deveria se fundamentar na busca pela excelência e não por S. Excelência. Ainda que continue sob a batuta militar, não seria interessante rever a estrutura da carreira?
Já usei algumas vezes uma citação que deveria traduzir fielmente o pensamento da Força Aérea Brasileira que diz - “A hierarquia deve existir para definir níveis de decisão, mas nunca para afastar aqueles que vivem sob o mesmo juramento”. Esse pensamento seria uma afronta às autoridades não fosse dito pelo próprio Patrono da Força Aérea, o Marechal do Ar Eduardo Gomes!
Se por um lado a nova Aviação Civil já ensaia seus primeiros passos para fora do ninho, por outro, o ovo galado do ATC/ATM Civil dá mostras de que pode gorar. Sendo assim, enquanto as coisas não acontecem de fato, o melhor a fazer é formalizar parâmetros de segurança que salvaguardem o ATCO das fraquezas do sistema, pois no caso ATC, se observarem, o pinto ainda está dentro... do ovo.
Celso BigDog

sábado, 4 de dezembro de 2010

Tráfego Aéreo – Controladores com a faca e o queijo na mão.

“Já o controle de tráfego aéreo continuaria com a Aeronáutica, dada a falta de mão de obra especializada e recursos para montar uma estrutura à parte. Há ainda uma avaliação de que é uma área complicada, com riscos de paralisações, o que serve de justificativa para que a atividade permaneça com os militares.”
Semana passada cheguei a pensar que, pelo andar da carruagem, os nossos controladores de tráfego aéreo estavam "com a faca e o queijo na mão". Mas a coisa desandou e eu voltei à estaca zero nas minhas convicções depois das últimas notícias. Se essas justificativas tiverem alguma lógica, por que não pensar então na possibilidade de militarizar a Aviação Civil? Ficariam todos no mesmo barco, fardadinhos e bem distantes das greves que sempre ameaçam o setor. E olhe que não seria de todo ruim enquadrar também a saúde e a educação nesse pacote. As Secretarias Estaduais de Segurança Pública que se mobilizavam para extinguir suas polícias militares, pelo jeito voltaram atrás. Não só "não" as extinguiram como lançaram mão da truculência bélica das Forças Armadas com blindados, helicópteros e armamento pesado para “tentar” caçar bandidos em terras cariocas. Bem, mas essa é outra história.
Há necessidade de se ter cautela no trato com o assunto, pois além de englobar um universo técnico muito complexo, mexe com princípios que, de acordo com as autoridades da Força, não estão em negociação. Acredito que transformações ocorrerão naturalmente com o passar do tempo, vislumbrando até mesmo a possível extinção do “Controladoris Erectus” para dar lugar ao “Gerentis Pterofluxus”. Essa evolução já pode ser sentida se observarmos que o número de vagas oferecidas para o Curso de Formação de Oficiais Especialistas CTA é cada vez maior. Afinal, de quantos oficiais CTA o SISCEAB precisa no atual modelo?
Enfim, em minha opinião haverá alguma desmilitarização sim, mas só em torres de controle, assim como citou o brigadeiro Pereira, ex-presidente da Infraero. Penso inclusive que essa mudança pontual seria uma opção para facilitar o enquadramento do serviço dentro de um novo conceito de administração aeroportuária privatizada. Quanto aos demais órgãos do SISCEAB, se considerarmos todo o aparato técnico, de formação e treinamento que cerca os profissionais, não querendo arremedar o brigadeiro, são realmente grandes “pepinos”. Aí já viu né? Teria que separar o “pepino”, tirar a farda do “pepino” e isso realmente não é fácil.
No momento tudo não passa de especulação. O melhor a fazer agora, enquanto assistimos aos lançamentos desses criativos “balões de ensaio”, é ter cuidado para continuar com a faca e o dedo na mão.
http://fl410.wordpress.com/2010/11/19/dilma-podera-criar-secretaria-para-setor-aereo/

Entenda o caso da greve dos controladores espanhois (em 2 partes)
Parte 1: http://www.youtube.com/watch?v=fRcgupe9ol4&feature=youtube_gdata_player
Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=DCutbfDFQog&NR=1
Celso BigDog