segunda-feira, 26 de março de 2012

PENA - Primeiro Encontro Nacional de Aves


PENA - Primeiro Encontro Nacional de Aves
Resumo da palestra do Dr. Morgan Solinus

Realizado no Hotel Ibis do Rio de Janeiro, o encontro recebeu, além de muitas outras autoridades no assunto, a ilustre presença do ganso canadense, Dr. Morgan Solinus.

O ponto alto da palestra do Dr. Morgan foi sua definição dos dez mandamentos das aves aeroportuárias:

1) Devemos desafiar os humanos fazendo rasantes no pátio e pousando nas torres de controle dos aeroportos;

2) Devemos assustá-los voando em bandos nas laterais da pista;

3) Devemos diversificar a espécie para dificultar ações de combate à nossa proliferação;

4) Devemos frequentar os aterros sanitários, que eles mesmos instalam no entorno aeroportuário, para convencer os formadores de opinião que ajudamos a natureza a se desfazer do lixo que eles produzem;

5) Devemos fazer pose em frente às câmeras para ganhar a simpatia da população e a proteção do Estado;

6) Devemos procurar morrer sempre na área aeroportuária para atribuir a culpa ao aeroporto;

7) Devemos cantar forte para que todos se acostumem com a nossa presença;

8) Devemos convencer nossos amigos de rapina, que estão sendo contratados para nos espantar, que juntos seremos mais fortes;

9) Devemos assistir palestras sobre novas tecnologias que se propõem a nos retirar de nossos locais prediletos;

10) Devemos aproveitar a preguiça dos humanos e fazer ninhos nos lugares mais inesperados, assim como fizeram nossos amigos pombos que construíram um pombal no apron do Campo Fontenelle, no telhado do prédio da SIPAA-AFA. Que maravilha! Ali podermos disputar lado a lado com a Esquadrilha da Fumaça as manobras mais radicais.

E eu clamo aos senhores emplumados que deixem os próprios humanos nos mostrarem quais são suas fraquezas e seus motivos para complacência para então, em cada localidade aeroportuária, elaborarmos um plano de ação regional, ousado e eficaz.

Muito obrigado! Quack!

Sclap, sclap, sclap, sclap, sclap, braaavoooooooo, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap, braaavoooooooo, sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, braaavoooooooo, sclap, sclap sclap, sclap, sclap sclap, sclap, sclap... sclap... sclap... ...sclap...
Brincadeira heim gente! Isso ai é uma montagem de Photoshop. Esse ganso de terno não existe. O que existe é essa inécia brasileira para resolver ou minimizar o perigo aviário e tornar a operação em aeroportos brasileiros menos insegura, e, quem sabe um dia, mais segura.
Xô, Xô!
Celso BigDog

Como funciona a turbina do avião?

Entenda como são atualmente e como serão em breve os novos motores a jato. Nessa excelente reportagem de André Vieira da iG-São Paulo você poderá ver o funcionamento através da ilustração em Flash. Vale a pena conferir:
http://economia.ig.com.br/empresas/industria/nova+geracao+de+motor+ameaca+avioes+da+embraer/n1237623429609.html

Engavetamento provocou prejuízo incalculável à Aviação Civil Brasileira.

Depois que o maior engavetamento de projetos para a evolução da aviação civil colocou o transporte aéreo brasileiro em xeque, já podemos ter uma ideia do que esperar nesta década. Engavetados e empoeirados, amarelados e roídos por grilos, esses planos demonstram uma clara intenção de responsabilizar governos anteriores pela herança maldita, incompetente e laica deixadas ao País. Ah esses grileiros!
Agora o Governo Federal não quer colocar os ovos , digo, os aeroportos na mesma cesta. Isso porque em caso de dificuldades no setor, os óbices serão pontuais, espalhados pelo universo aeroportuário e não generalizados, como já tivemos. Mas convenhamos, essa não é uma boa hora para isso. A pressa de produzir as correções em curto espaço de tempo pode resultar em uma imensa omelete aeronáutica.
Aeroportos brasileiros terão administrações heterogêneas, civis e militares, públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, sob concessão, ou outras modalidades que só a criatividade tupiniquim é capaz de gerar. Assim, quando algo der errado, como são interligados por demandas de voos, decolagens e pousos, idas e vindas, ficará quase impossível identificar que ponto, porto, base, empresa, explorador, concessionária, ou posseiro, entre outros, que disparou o caos. Chega dessa história de sempre apontar o serviço público como único vilão. Diversificando, certamente voltaremos ao tempo em que o responsável pelo feito sempre estaria com as mãos amarelas. Será?
E a propósito, hoje, 17 de setembro de 2011, houve mais um acidente com aeronave de pequeno porte em Cotia-SP.
http://br.noticias.yahoo.com/aeronave-pequeno-porte-cai-cotia-grande-sp-171600330.html

Jamais haverá ano novo se continuarmos a copiar os erros dos anos velhos. (Camões)


Celso BigDog

sábado, 24 de março de 2012

Pânico no ATC! Eu sei o que vocês não fizeram no verão passado.


Pane nas comunicações para o controle de tráfego aéreo de novo! (ou de velho?). Quem foi agora? A Aeronáutica disse que dessa vez o problema não foi com os sargentos, mas sim com os cabos.

O Estado de São Paulo

Tânia Monteiro e Fabiana
Marchezi


BRASÍLIA - Uma pane na Embratel provoca problemas no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta-1), em Brasília, na tarde desta terça-feira, 1º. Uma fonte do Comando da Aeronáutica informou que o atraso dos voos e suspensão de alguns voos controlados pelo Cindacta foi provocado pelo rompimento de cabos de fibra ótica nas regiões entre Barretos e Ribeirão Preto, em São Paulo, e Confins, em Minas Gerais.
Por causa desse problema, muitas frequências usadas para contato entre o Centro de Controle Aéreo e os pilotos ficaram sem funcionar, e para manter a segurança dos voos houve mudança nas escalas, pousos e decolagens, provocando atrasos. O Cindacta-1 controla 45% do tráfego aéreo do País.Segundo essa fonte, o problema de comunicação é de responsabilidade da concessionária, mas a Aeronáutica está trabalhando em conjunto com os setores de telecomunicações para tentar restabelecer o completo funcionamento das frequências usadas pelos pilotos.
O Centro Geral de Navegação Aérea está discutindo junto com as companhias aéreas o replanejamento dos voos. Até as 13h50, os atrasos superiores a 30 minutos eram de 6% de voos da TAM e 8% de voos da Gol. Não há previsão ainda, de normalização do sistema. Mas a maior quantidade de voos ocorre a partir das 17 horas.


Celso BigDog

Êpa! Eu também quero!


Onde construiremos nossos aeroportos? Como frear o crescimento no entorno aeroportuário? Se fossem estações ferroviárias as pessoas também reclamariam dos trens? Agora que a elite, que viaja de avião, reclamou e conseguiu aleijar a operacionalidade do Aeroporto Santos Dumont, logo logo terá que viajar centenas de quilômetros de ônibus ou de trem para pegar seu voo, pois o povão está descobrindo que também tem direitos. "E eu acho é pouco!"


Barulho do Galeão incomoda Zona Norte e Baixada

Jornal do Brasil - Flávio Dilascio

Enquanto a Zona Sul teve suas reivindicações sobre o Aeroporto Santos Dumont prontamente atendidas, com a suspensão dos voos noturnos e a redução do tráfego na Rota 2, moradores da Zona Norte e Baixada sofrem diariamente com os transtornos causados pela proximidade dos aviões que posam e decolam no Aeroporto Internacional Tom Jobim.
Nesta quarta-feira, o JB visitou o Parque Duque, em Duque de Caxias, onde os moradores reclamam do barulho de aviões que passam sobre suas casas de madrugada e do tráfego intenso durante todo o dia, que provoca até rachaduras em paredes. Perguntados por que não fazem reivindicações como as associações de moradores da Zona Sul, os habitantes locais disseram ter outras preocupações mais urgentes, como, por exemplo, a falta de infra-estrutura básica.
Dentre as localidades mais prejudicadas pelos voos do Tom Jobim, destacam-se os bairros da Penha Circular, Parada de Lucas e as regiões de Duque de Caxias vizinhas à Rodovia Washington Luiz, como Parque Boa Vista, Parque Beira-Mar e o Parque Duque. – Nós até já nos acostumamos com os aviões, por isso há poucas reclamações.
O que acontece é que a nossa região é muito carente de serviços e nós estamos nos concentrando mais nisso. Temos um problema crônico de abastecimento de água, que é uma luta de anos – ressalta o presidente da Associação dos Moradores do Parque Duque, Marcos Augusto.
Os habitantes do Parque Duque costumam ser incomodados diariamente com um avião cargueiro que sobrevoa o bairro durante a madrugada. Outra perturbação que não lhes sai da lembrança é o barulho ensurdecedor do avião Concorde, que, para sorte dos moradores, saiu de circulação em 2003. – O Concorde fazia muito barulho aqui, mas felizmente parou – atesta Marcos Augusto.
Residente no Parque Duque há 47 anos, a promotora de vendas Bernardete de Oliveira revela que determinadas casas não aguentam o impacto da passagem dos aviões. – Algumas paredes acabam ficando rachadas por causa dos voos. Outro problema é quando os ventos estão ruins e eles têm de mudar as rotas, aumentando o fluxo por aqui – relata ela, que também é dona de um bar na região.
Outras áreas prejudicadas são alguns bairros da Ilha do Governador, como Tubiacanga, Galeão e a favela Parque Royal. Curiosamente, todas essas localidades são predominantemente de baixa renda, bem diferentes de Catete, Laranjeiras, Glória, Urca, Flamengo e Botafogo e Cosme Velho, que venceram a guerra contra o Santos Dumont.
Soluções existem, mas o preço pode ser muito salgado.
Veja também:
Celso BigDog

SENTA – Secretaria Nacional do Transporte Aéreo já tem candidato à presidência.

Aprofundando nas minhas convicções busquei em alguns momentos de abstração, analisar qual seria o perfil ideal daquele que deverá estar à frente da Secretaria Nacional do Transporte Aéreo - SENTA a ser criada. Baseado em alguns quesitos pré-estabelecidos, principalmente porque a coisa é tão abrangente, busquei nos meus arquivos subliminares valores que definissem o candidato ideal. Bem, então vejamos. Deve ser alguém com experiência na administração do controle do espaço aéreo que não seja militar, nem militar da reserva, que seja do tipo paisanão, daqueles que não serviram nem mesmo ao “Tiro de Guerra”. Que tenha conhecimento da operacionalidade de uma empresa aérea; da relação comercial das empresas com os fabricantes de aeronaves; dos custos operacionais e da vida útil das turbinas de aeronaves; da operacionalidade do tráfego aéreo e suas relações internacionais de cooperação; da habilitação e regulamentação dos profissionais da aviação; dos direitos trabalhistas dos aeronautas; dos aeroviários; dos controladores e uma pitada de conhecimento de performance de aeronaves. Deve ter também conhecimento aprofundado da infraestrutura aeroportuária e aeronáutica, arquitetura e funcionalidade de um aeródromo, saber principalmente qual a diferença entre um aeroporto e um aeródromo. Ter visto pelo menos uma vez na vida um medidor de lâmina d’água para avaliação da praticabilidade da pista. Saber que produtos antiderrapantes comprados no “(011)1406” não substituem a eficácia do grooving na drenagem da pista de pouso. Ter conhecimento básico do uso do teodolito para fazer fiscalizar e manter livre a Zona de Proteção de Aeródromo contra edificações de hotéis e bordéis. Saber que “área de escape” não é uma saída estratégica para autoridades e famosos, mas sim, uma área que permite a uma aeronave, que fez um pouso sem controle, ultrapasse os limites da pista com segurança. Saber que o aumento de 10 centímetros na distância entre as poltronas dos passageiros resulta, em média, na diminuição de 18 assentos em cada aeronave do porte de um A-320 ou B-737 e isso representa aumento de tarifas ao passageiro. Saber que demanda deve estar sempre em consonância com capacidade.
Se levarmos em consideração que o sistema de transporte aéreo naufragou perante a avaliação do povo brasileiro; que a infraestrutura aeroportuária boia sem rumo ao sabor do vento; que o controle do espaço aéreo está ilhado e rodeado de tubarões à espreita de sua bilionária receita; não temos outro candidato que possa enfrentar tudo isso com eficiência e gerir com ações eficazes, a não ser Wilson. Ele sim pode ter a capacitação que a gente imaginar, as atitudes que a gente idealizar e a postura política que a gente aceitar. É um candidato tão completo, mas tão completo para o cargo, que sua experiência na aviação inclui até mesmo um acidente aéreo de grandes proporções, do qual sobreviveu ileso.
Wilson! Esse é o nome. Wiiiiillllllllsssssoooooonnnnnnn!!!!!!!!!!!!!
Celso BigDog

quinta-feira, 22 de março de 2012

A confraria do sino.


Ao longo dos últimos 40 anos, ministros, juízes e advogados militam em uma confraria dedicada a esconder um sino furtado da faculdade de direito da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) pela turma de formandos de 1968 e desde então circula entre os ex-alunos, que se recusam a devolvê-lo ao patrimônio da universidade. A peça de bronze, com cerca de 30 centímetros de altura e 10 quilos, traz gravadas os nomes dos que já a esconderam. Entre os membros da chamada Ordem do Sino estão o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e atual ministro da Defesa, Nelson Jobim, o vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Ari Pargendler, e o corregedor do Conselho Nacional de Justiça, Gilson Dipp.

Poxa vida! Tem coisas que levam a gente a se lamentar. Por que não pensei nisso também? Poderia, nos meus verdes anos de existência, ter roubado o clarin do corneteiro da Escola de Especialistas em Guará. Já pensou hoje que confraria nos seríamos? “A Confraria da Corneta!” Pomposo não? Quem sabe não seríamos os donos da bola no Tráfego Aéreo Brasileiro. Quem sabe o presidente do ATC não seria ninguém menos que o Spalado? Quem sabe o presidente da ANAC não seria um Cachorrão. E teríamos para a eternidade gravado no metal, os nomes de Altamir, Barros, Bahiense, Da Cruz, Bortolás, Aldamir, Generoso, Lopes, Brilhante, Fatturi, Lacerda, Eilert, Ewerton, Gomes, Iwase, André, Deusivaldo, Joeci, Felício, Santos, Silva Neto, Romaneli, Hilaércio, Gilson, Jordan, Valente, Costa, Gasiglia, Louzada, Nicoliche, Correia, Luciano, Pimenta, Feres, Gomes, Silva Melo, Odilon, Wilson, Paulo Sérgio, Walter, Paulo Roberto, Regis, Gazzola, Paduan, Viana, Faria, Salvador ... Já imaginaram?
Pois é... Então... Por outro lado... Mas, pensando bem, se tivéssemos roubado a bendita corneta, teríamos sido presos e não teríamos conseguido nos formar como humildes sargentos da Aeronáutica. Então... Às favas a confraria!
Esses homens listados acima já têm seus nomes perpetuados na história do tráfego aéreo brasileiro, pois foram pioneiros do Aeroporto Eduardo Gomes e do SRPV Manaus, da operação Radar na Amazônia e em Pirassununga com o ASR-7; na criação do CINDACTA I em Brasília. Foi essa mesma casta que, impedida de galgar postos na carreira pelo fechamento da EOEIG de Curitiba, cumpriu garbosamente sua missão. É essa mesma turma que não se deixou marcar por um furto ou um delito sequer, que continua hoje, na busca da complementação salarial, tapando os buracos deixados pela incompetência administrativa que corroeu o controle de tráfego aéreo no Brasil.
A essa turma, e todas as outras que não menos importantes continuam escrevendo a história do ATC brasileiro, meu mais caloroso abraço com os votos de um ano de 2009 de muitas realizações e muita saúde.
Confraria? Tsc... tsc... tsc...

quarta-feira, 21 de março de 2012

O fim da libido na atividade ATC brasileira.

Não sei se posso aplicar tecnicamente o termo na minha relação com o controle de tráfego aéreo, mas, de qualquer forma, é assim mesmo que eu me sinto quando trato do assunto. É comum nas rodas de aposentados a presença desse sentimento saudosista expressado por – “Eu já fui bom nisso”!
Na verdade o que me preocupa é que atualmente essa condição, essa impotência, esse desinteresse pela atividade, tem ocorrido mais precocemente a cada dia. O encanto que, diga-se de passagem, é justificável diante de uma missão tão linda, acaba na mesma proporção das dificuldades localizadas, específicas de cada lugar. Não há nenhuma preocupação da autoridade em compensar financeiramente, por exemplo, um controlador que trabalhe em São Paulo. Ao contrário, trabalhar em Aracaju, por exemplo, além da igualdade remuneratória, mostra a gritante disparidade no desempenho da função e na qualidade de vida de ambos.
Outro aspecto é o técnico. Controladores são controladores, mas... controladores de Torre, de Controle de Aproximação, de Centro de Controle de Área ou de Centro de Operações Militares devem ter remunerações idênticas? Então, se não há reconhecimento disso, qual o incentivo para estudar e progredir dentro da atividade? Se não há diferença salarial entre um mero controlador, um instrutor, um supervisor ou até mesmo um chefe de equipe, para que se empenhar? O êxodo de ATCOs para carreiras alternativas e a prática dos chamados “bicos” mostram que a relação está profundamente desgastada e merece uma atenção especial.
Quem sabe na próxima década a tão esperada Regulamentação da Profissão no ATS ponha fim a essas disparidades, criando uma categoria organizada, interessada e produtiva. Do jeito que está, é melhor virar de lado e dormir.

Celso BigDog

O ExtremeLeak do ATC Brasileiro

Na semana passada, Dilma Rousseff escalou o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, para negociar com os sindicatos. O ministro, contudo, fez um relato pessimista à presidente. Segundo ele, os controladores militares estão sendo incitados à paralisação pelos superiores, descontentes por terem perdido poder desde o início do atual governo, quando foi criado um ministério civil para controlar o setor. Revista Veja (Holofote) 19 de Dezembro de 2011
Inacreditável! Um Ministro de Estado alegar que tem informações que Superiores da Força Aérea Brasileira estão incitando seus comandados a iniciar um movimento grevista, não é uma acusação boba. Isso é muito sério. O fato da imprensa, da classe política, do cidadão mal informado e enganado, já ter achincalhado impunemente a nossa farda com “divisas”, é até compreensível dentro do histórico que já conhecemos da Força. Mas convenhamos que, muito estranho quando esses eventos ofuscam de maneira incólume o brilho das estrelas.
Assim como muitos, esperei dois dias por uma manifestação do CECOMSAER rechaçando o mal dito, mas qual-o-quê? Um silêncio mortal instalou-se no espaço aéreo brasileiro e o grupo do baixo clero ATC, “com cara de veado que viu caxinguelê”, se pergunta: “- A quem interessaria essa situação”? Isso vazou ou foi um belo e colorido balão de ensaio? Mas que raio de balão é esse? Teria o “balão” o mesmo sentido que uma “bala grande” atirada contra o próprio pé?
Não tenho opinião formada sobre a existência ou não de uma nova ordem, nem de uma desordem mundial. Não acredito também que os resquícios de dignidade militar semeados por Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, estejam sendo barganhados por alguns caraminguás para segurar a tropa calada na caserna. Alertar a Comandante em Chefe que os baixos soldos dos militares tem causado o êxodo desses profissionais rumo à empresa prometida, é uma coisa. Calar-se diante de uma acusação tão grave quanto a do Ministro/Secretário da SAC, é outra, e coloca a tropa num galinheiro, aguardando por uma resposta superior que não sabe como decidir: “- Aceitamos mais milho ou os enviamos para o abate”?
http://www.fab.mil.br/portal/capa/index.php?datan=19/12/2011&page=mostra_notimpol#20
Celso BigDog

sexta-feira, 16 de março de 2012

De olhos vendados, ordinário... Marche!


... “Só progridem nas burocracias os muito obedientes e os pouco criativos. Qualquer burocracia pública é assim: Inovação e atrevimento são punidos. O conformismo é premiado.” - *Prof.Dr. Alexandre de Souza Costa Barros

É sempre traumática uma disputa entre dois grandes ex-aliados. Para ambos o perigo reside no conhecimento mútuo. Vencerá a contenda quem for mais informado, mais talentoso, tanto para criar quanto para seduzir, assim como Deus e o insurgente anjo de luz e fé. Nesse caso, a força só é eficaz quando age como um fiel de balança, atendendo a um pequeno gesto da opinião pública para ser aplicado de um lado ou de outro, com o polegar para cima ou para baixo. Assim teria acontecido com Jesus e Barrabaz, ou nas batalhas entre gladiadores bárbaros e cristãos no Coliseu. Assim tem acontecido ainda nos terríveis linchamentos físicos e morais da história moderna. Assim aconteceu quando o povo brasileiro aceitou a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” em 1964. E recentemente não foi diferente com os controladores de tráfego aéreo durante e depois dos episódios relacionados com o caos aéreo. Foram crucificados pela opinião pública, que por sua vez, foi meticulosamente desinformada e confundida pela mídia tendenciosa e comprometida. Tudo se consolida no convencimento das massas pelo interesse de quem está e quem deseja estar no poder, como um expressivo empenho à desinformação.
Buscando no passado por situações que ajudassem a imaginar ou entender o desfecho dessas atuais agruras, não encontrei nada mais interessante do que a história da própria corporação e de seus personagens mais expressivos. Calculei que dessa forma, ao se olhar para traz, se teria uma idéia do que esperar pela frente. E como não poderia ser diferente, iniciei minha jornada buscando conhecer a vida da personalidade mais ilustre, ou seja, do Patrono da nossa Força Aérea, aquele que norteia, orienta e deixa rastros que devem ser seguidos por seus pares e subordinados. Será?
Minha admiração pelo Marechal Eduardo Gomes foi fruto da “iniciação doutrinária” que é aplicada aos recrutas na chegada à caserna. Com o passar do tempo, atraído por sua biografia impoluta, despi-me momentaneamente da farda azul, e de forma totalmente descomprometida de qualquer corporativismo, procurei separar a verdade do mito. Apesar da revelação dessa pesquisa causar-me certa perplexidade, trouxe-me também um prazer inusitado. Deparei-me com personagens realmente interessantes, que não receberam da Força a mesma reverência dada ao “Brigadeiro”. Aos grandes vultos da história reservam-se os mais altos pedestais, as mais valiosas redomas. Aos chamados “co-adjuvantes” relegam-se apenas os documentos de expediente, sepultados pela poeira e corroídos pelas traças dos arquivos, mortos. Fartei-me com a biografia do grande Marechal Casimiro Montenegro Filho, contemporâneo de Eduardo Gomes, que foi resgatada e contada em primeira pessoa, pelo escritor Fernando Morais em seu livro "Montenegro, as aventuras do marechal que fez uma revolução nos céus do Brasil". Uma merecida homenagem ao grande aviador que apesar de ser enaltecido por ter realizado o primeiro vôo do CAN, foi responsável nada menos do que a criação do ITA, do CTA e do desenvolvimento da Embraer. Uma boa leitura. Veja a resenha.

Já Eduardo Gomes, lembrado pela oficialidade da Aeronáutica pelo lema: “- O preço da Liberdade é a eterna vigilância”, deixou aos subalternos um atraente conceito de hierarquia que não divide, não afasta irmãos, mas que talvez tenha sido colocado de escanteio para não ser questionado ou reclamado pelo baixo escalão. Essa visão dúbia do Patrono coloca em lugar de destaque apenas interesses de comando, enquanto seus exemplos mais contundentes e questionáveis, apesar de verídicos, são espremidos nas entrelinhas, com letras minúsculas e de difícil leitura.

Durante uma busca na rede mundial de computadores, fiquei surpreso com a retirada do lema: “A hierarquia existe para definir níveis de decisão e nunca para afastar aqueles que vivem sob o mesmo juramento”, atribuído ao Brigadeiro Eduardo Gomes da página eletrônica da Turma BQ-68 - EPCAR, justamente a turma que, além de ter sido batizada no passado pelos pré-cadetes com o nome do Patrono, preenche hoje em 2008, grande parte do alto escalão no Comando da Aeronáutica. O que teria acontecido com as convicções daqueles garotos de 1968 para cá? Seria a constatação de que aquele conceito de hierarquia não passou de um engodo para seduzir e arregimentar subalternos no levante conhecido por “18 do Forte”? Quem sabe? Além dos dois únicos sobreviventes desse levante, os tenentes Eduardo Gomes e Siqueira Campos, alguém se lembra de algum militar que, não menos herói, teria dado sua vida por aquele ideal? Os registros eletrônicos não fazem referência a todos os 16 mortos. Eles citam apenas, além dos tenentes Mário Carpenter e Newton Prado, o civil Otávio Correia, o cabo Reis; os soldados Hildebrando Nunes; José Pinto de Oliveira; Manoel Antonio dos Reis e outros desconhecidos da Primeira Bateria Isolada da Artilharia de Costa. Desconhecidos? A eles não se pode sequer homenagear com um nome de rua. Devem apenas contentar-se com o compartilhamento da cova simbólica e coletiva de um túmulo qualquer de “Soldado Desconhecido”.
A simpatia, o carisma pessoal e político do “Brigadeiro” eram inegáveis, mas tenho me perguntado se algo não está fora de ordem. Afinal, um patrono representa ou não um exemplo a ser seguido? Seria “o contraditório” o requisito que destaca e fundamenta a escolha? Se o militar ao insurgir-se contra a corporação comete um crime; Se o militar ao rebelar-se contra o Governo Federal também comete um crime; Se o militar demonstrar ou buscar ideais não-legalistas, da mesma forma, comete um crime; Se um militar ao conspirar para a deposição do Presidente da República (Comandante-em-chefe) comete um grave crime; Se os princípios basilares da instituição militar são hierarquia e disciplina e, se esse conceito de hierarquia de Gomes não é adequado, e diante de tantos deméritos que feriram a ética na caserna, por que foi escolhido Eduardo Gomes? Por quê? (Resumo biográfico)
Antes de se rotular peremptoriamente que “ações pró-ativas” são frutos de lideranças negativas, torna-se necessário definir por qual caminho a Força Aérea deseja que a tropa siga? Seria o do empreendedorismo “casimiriano” ou da obsessão “eduardista” pelo poder? Confesso que estou confuso, mas estando na reserva só me resta torcer por um desfecho justo e produtivo. Temo, porém, que essa disparidade de pesos e medidas esteja desorientando também a tropa que agora aprendeu a pensar, e que na busca por um limbo análogo ao Cruzeiro do Sul, desloca-se em paralelo às rotas traçadas pela corporação. Considero com certa obviedade que, se continuarem de olhos vendados, ainda que se esforcem, é improvável que consigam continuar marchando “às cegas”, ombro a ombro, alinhados e cobertos, no rumo de um objetivo único. Por isso, acredito que, enquanto não se restabelecer a unidade através do respeito mútuo, a admiração gratuita e recíproca entre comando e comandados, e a confiança dos subalternos de que as ordens dadas sempre visam o bem coletivo, não se pode esperar outro tom de diálogo que não seja: “- Ordinário... marche!”

Paz e Bem.
Mário Celso Rodrigues
Controlador de tráfego Aéreo

domingo, 4 de março de 2012

Os "olhos" da tropa...


2007
A degeneração da ética e da moral abala os calcanhares da hierarquia e da disciplina e põe em risco a estabilidade da instituição militar gerando medo. Se analisarmos os fatores contribuintes para este imbróglio, concluiremos que os lampejos de indisciplina da tropa ATC encontram amparo no cumprimento das funções constitucionais e derivam da dificuldade de aceitação dos maus exemplos advindos do alto escalão militar.
"O líder que exercita o poder com honra trabalhará de dentro para fora, começando por si próprio." (Blaine Lee)
A tropa viu um Ministro da Aeronáutica, ex-comandante do CINDACTA1, alcovitando literalmente por baixo da mesa, repassando bilhetinhos passionais de Bernardo Cabral para sua musa Zélia Cardoso, onde descrevia sua saia como “deliciosa”. Enquanto era feito o “correio elegante” desse adultério explícito, os tenebrosos destinos da Nação eram traçados na reunião ministerial presidida por Fernando Collor.

A tropa viu
outro Ministro da Aeronáutica exonerado por supostas irregularidades na instalação do SIVAM, esvaziar as gavetas de seu gabinete, abraçar o cabedal aeronáutico de segurança nacional e se bandear para presidir um sindicato patronal rico, levando consigo todo o conhecimento estratégico para alimentar a ganância empresarial do setor aéreo.

A tropa viu
um Diretor Militar do extinto DAC autorizar, quando na atividade, contratos de carga aérea para a Rede Postal Nacional a serviço dos Correios, e ao passar para a reserva, assumir como consultor tanto dos Correios quanto da empresa exploradora do serviço, acendendo velas a Deus e ao diabo. Para essa manobra carreou consigo todo o conhecimento estratégico e toda a sua influência na aviação civil.

A tropa viu
certo Comandante da Aeronáutica, de questionável desempenho no gerenciamento da crise, permitir que a Proteção ao Vôo brasileira, apesar dos gritos de socorro, despencasse para o abismo sem ao menos estender-lhe as mãos. Sequer juntou os cacos para transferi-la ao seu sucessor. Limitou-se a sacudir o pó e esfregar as mãos empoeiradas na farda. Pelo mau gerenciamento foi contemplado com um posto de destaque na ONU.

A tropa viu
a incompetência administrativa e supostamente criminosa da diretoria da ANAC ser condecorada com a “Medalha Santos Dumont”, honraria que muitos profissionais da aviação, extremamente competentes, jamais sonharam receber.

A tropa viu
muitos outros ex-comandantes galgarem postos de direção na elite estatal e se fartarem com as mazelas do corporativismo mesquinho. Isso sempre fez revirar as lombrigas na barriga do pobre subalterno, ávido por um mísero gesto de reconhecimento e respeito profissional que nunca recebeu.

A tropa viu
a reportagem onde o Promotor da Justiça Militar João Rodrigues Arruda diz ao jornalista Paulo Henrique Amorim: “O comando militar é a única função pública que se não for executada com eficiência, caracteriza crime”. (art. 198 CPM)
... “deixar o comandante de manter a força sob seu comando em estado de eficiência”, é crime;
... “se o controlador não está eficiente por falta de instrução”, é crime do comandante;
... “se o controlador não está eficiente por indisciplina”, é crime do comandante;
... “se é deficiência de material”, é crime do comandante.
De nada adianta a existência do Código Penal Militar se ele não for aplicado, pois a única coisa que a tropa não viu até agora, foi um puxão de orelhas sequer nas autoridades envolvidas.

A tropa viu
o Comando da Aeronáutica, em altos brados declarar que se houvesse aumento salarial, seria para todos os militares indistintamente. Mal o assunto esfriou entre cochichos pelos cantos da caserna e os comandos, isoladamente, receberem cinqüenta por cento de aumento em seus vencimentos.

A tropa viu
numa simples troca de roupa, seus ex-comandantes assumirem “apaisanados” a direção de projetos no seio da Força Aérea, queimando verbas bem intencionadas do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, nos mesmos projetos que eles próprios acabaram de assinar na ativa.

A tropa viu também o desvanecimento de algumas estrelas cadentes, alijadas do grupo palaciano, destituídas da autoridade galáctica, despojadas de suas benesses de gabinete e comando, não serem agraciadas com as funções “compensatórias pós-atividade”. Essas estrelas que esmaecem no céu cinzento, trocaram também seus uniformes camuflados e coturnos por pijamas e pantufas e da desbotada varanda azul barateia do Clube da Aeronáutica, proferem insultos e blasfêmias, rogando pragas no governo que também os esqueceu.

A tropa viu
e hoje em dia enxerga muito mais, pois, pelo descrédito na carreira, viu-se obrigada a estudar e a buscar caminhos alternativos de futuro. O nível universitário, a internet, os meios de comunicação abertos e explícitos, modificaram o perfil coletivo e o grupo, outrora passivo e complacente, passou agora a “pensar”.

E assim se fez o caos, assistido pela tropa incrédula, mas silenciosa e ordeira.
E assim se fez o caos pelo descumprimento forçado de regras e normas internacionais.
E assim se fez o caos levando às lágrimas de sargento a brigadeiro, não por covardia, mas pela injustiça e pela vergonha de estarem vivendo esse momento sem precedentes.
E assim se fez o caos pela impunidade no desastre administrativo de comandos.
E assim se fez o caos pela não observância ao conceito de hierarquia citado por Eduardo Gomes. E por falar nos ensinamentos deixados pelos “18 do Forte”, como -“À Pátria tudo se deve dar e a ela nada se deve pedir, nem mesmo compreensão,” pergunto: Teria a “Pátria” de Siqueira Campos o mesmo sentido que “comando”? Servir à Pátria, no aspecto constitucional, seria tão somente servir ao comando? A punição militar deve ser empregada àqueles que transgrediram códigos militares em favor da segurança civil? Se graduados estão sendo processados por suspenderem o serviço para manter a segurança aérea, o que dizer dos oficiais que abandonaram seus postos durante 3 dias por discordarem de seu “comandante supremo”: o Presidente da República? Se graduados estão sendo processados por descumprirem uma Instrução do Comando da Aeronáutica, o que dizer do comando que descumpre o Regulamento Disciplinar da Aeronáutica quando permite que um graduado seja encarcerado no xadrez sem julgamento?

A tropa ATC viu, não entendeu e já não sabe mais a quem servir. O perigo reside no fato de que ela já não distingue os significados de medo e respeito, tampouco de Pátria e Poder.

“A diferença entre um chefe e um líder é que um chefe diz, Vá! e um líder diz Vamos!” (E. M. Kelly)
É assim que eu penso.